António Bob Santos, Assessor do Gabinete do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico
A Comissão Europeia decidiu designar 2009 como o Ano Europeu da Criatividade e Inovação (AECI), numa altura em que as economias mundiais se deparam com uma crise financeira (e também económica) à escala global. Um dos principais objectivos da Comissão Europeia é o de sensibilizar para o reconhecimento da importância da criatividade e inovação para o desenvolvimento pessoal, social e económico, bem como disseminar boas práticas, estimular a educação e a investigação e a promoção do debate em torno das políticas de promoção da criatividade e inovação.

Se bem que a inovação tecnológica é fundamental para o desenvolvimento económico e o apoio à criação de emprego, muitas das respostas aos problemas actuais podem ser encontradas em áreas até aqui pouco exploradas, como a área social ou as indústrias criativas. De facto, o AECI pode ser um factor dinamizador da inovação social, estimulando a criação de uma sociedade mais equitativa e solidária, de uma maior cidadania e participação democrática dos cidadãos. Também a inovação cultural pode ser fortalecida, respeitando e encorajando a cidadania local, regional e europeia. É sabido que as chamadas “indústrias criativas” são importantes para o desenvolvimento económico e social, sendo geradoras de emprego qualificado e de actividades com elevado valor acrescentado. Além disso, podem ter um papel importante na qualificação dos territórios, tornando-os atractivos a novos investimentos e potenciando a captação de recursos humanos qualificados.

A criatividade e a inovação podem também contribuir para uma maior coesão social e territorial, acelerando as dinâmicas locais, estimulando a criação de redes e mobilizando os actores das economias locais, criando um ambiente favorável ao empreendedorismo e ao desenvolvimento de “clusters de inovação”. Neste âmbito, torna-se também indispensável o apoio público e privado à aquisição e desenvolvimento de novas competências, através de políticas direccionadas para o estímulo à aprendizagem ao longo da vida.

Em Portugal, e dado o carácter horizontal da criatividade e da inovação, foi decidido (através de Resolução do Conselho de Ministros) que a coordenação do AECI ficaria a cargo do Professor Carlos Zorrinho, também Coordenador do Plano Tecnológico e da Estratégia de Lisboa, garantindo desta forma uma articulação transversal no que respeita à dinamização do AECI em Portugal. A elaboração de um programa oficial constituiu o ponto de partida para dar visibilidade a uma série de eventos a ocorrer durante o ano de 2009. Contudo, trata-se de um programa aberto, que vai sendo construído ao longo do ano com o envolvimento da sociedade civil, desde as empresas, associações, entidades em fins lucrativos, autarquias e agentes locais, escolas, entidades de formação, empreendedores, etc.

Neste sentido, o AECI em Portugal traduz-se numa agenda mobilizadora de toda a sociedade para as questões da inovação e criatividade, como o comprovam os cerca de 200 eventos realizados até ao momento (de iniciativa pública e privada), cobrindo todo o país, e tendo contado com a participação de milhares de pessoas desde o principio do ano. Para tal, tem também sido importante o papel das novas tecnologias na dinamização e divulgação das várias actividades desenvolvidas, como é exemplo o site criado para apoiar o AECI em Portugal - www.criar2009.gov.pt. Através do site é possível, não só consultar a informação mais relevante e o programa do AECI, como também proceder à submissão de eventos no sentido de serem incluídos no programa oficial. Estes eventos, depois de aprovados pela coordenação do AECI, são organizados de acordo com as principais áreas de aplicação da criatividade e inovação:

• Negócios (Realizar);
• Indústrias Criativas (Criar);
• Artes (Imaginar);
• Educação e Formação (Aprender);
• Cidades e Qualidade de Vida (Viver);
• Língua, Literatura, Cultura (Comunicar);
• Ciência e Tecnologia (Inventar);
• Organização Social (Cooperar).

De salientar, ainda, o carácter inovador deste site ao disponibilizar algumas funcionalidades e articulações com as redes sociais virtuais, como o Twitter, os Blogs ou o Flickr, contribuindo desta forma para a mobilização da comunidade online para estas temáticas.

Esperamos, deste modo, que o AECI possa contribuir para uma maior sensibilização de todas as áreas de actividade para as questões ligadas à criatividade e à inovação – fundamentais para o sucesso dos objectivos da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico - estimulando o desenvolvimento de soluções que contribuam para um maior bem-estar de toda a sociedade. 

 segunda-feira, 1 de Junho de 2009