Sistema de Monitorização Remota de Epilepsia Pediátrica
O “Sistema de Monitorização Remota de Epilepsia Pediátrica” possibilita aos médicos a observação dos exames, realizados e transmitidos por um sistema de eléctrodos acoplados à cabeça dos pacientes, num computador ou PDA, à distância e a qualquer momento, mesmo fora do ambiente hospitalar.

Iniciativa: Sistema de Monitorização Remota de Epilepsia Pediátrica
Entidade: Centro Hospitalar de Lisboa Ocidente (CHLO)
Destinatários/Beneficiários: Crianças com epilepsia refractária que possam beneficiar de cirurgia.
Categoria: Serviços ao Cidadão
Site: www.hsfxavier.min-saude.pt

O objectivo do "Sistema de Monitorização Remota de Epilepsia Pediátrica" é aumentar a rapidez deste processo de análise dos traçados e das crises e permitir uma tomada de decisão mais fundamentada e precoce, optimizando o tempo e as condições de diagnóstico e, portanto, a segurança da criança e o seu próprio conforto.

A monitorização vídeo—electroencefalográfica (vídeo-EEG) consiste no registo simultâneo das manifestações comportamentais que ocorrem durante as crises e das modificações electroen­cefalográficas que lhe estão associadas. Como as crises são eventos relativamente raros, é necessário manter a monitori­zação durante períodos prolongados, desde alguns dias, até mais de uma semana.

A documentação detalhada da correlação entre os aspectos clínicos das crises e a actividade epiléptica no escalpe é um passo fundamental de toda a investigação, permitindo não só determinar a origem das crises, mas também excluir alterações comporta­mentais assemelhando-se à epilepsia mas devidas a outras causas.

Como é importante estabelecer de forma inequívoca a relação clínico-elec­troencefalográfica das crises do doente, torna-se necessário registar diversos eventos ictais, o que pode ser difícil num tempo razoável quando a frequência dos eventos é reduzida. Nestas circunstâncias é necessário reduzir de forma contro­lada a medicação anti-epiléptica para aumentar transitoriamente a frequência das crises, o que envolve riscos.

Para tal, é neces­sário que a criança esteja internada em ambiente pediátrico com experiência no controlo das crises epilépticas e que os traçados sejam analisados rapidamente para minimizar a duração do exame e do período de risco. Para tal é fundamental a vigilância por técnico de neurofisio­logia que aguarde a ocorrência de crises, interagindo então com a criança para a sua melhor caracterização, recorra ao pessoal de enfermagem ou médico em caso de necessidade e recolha imagens dos traçados.

A análise rápida dos traçados e, se necessário, das crises, pelo médico electroencefalografista permite uma tomada de decisão mais fundamentada e precoce, optimizando o tempo e as condições de diagnóstico e, portanto, a segurança da criança.

Atendendo a que não existe um médico electroencefalografista em regime de permanência física para tomar decisões rápidas sobre a medicação do doente em face das crises que vão ocor­rendo, existe um atraso entre a aqui­sição da informação e o seu completo processamento e consequente tomada de decisões médicas. Este atraso traduz-se num risco acrescido para o doente que está sob redução medicamentosa, para além de menor conforto devido ao prolongamento do internamento.
 
A solução projectada no Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (CHLO) (Hospital de São Francisco Xavier - HSFX e Hospital de Egas Moniz - HEM) tem o objectivo principal de proporcionar as imagens do traçado EEG e vídeo da crise ao médico electro­encefalografista em tempo “quase” real para permitir um diagnóstico rápido, minimizando a duração do exame e os riscos consequentes.

Para isso foi neces­sário criar uma plataforma informática que permite seleccionar as imagens do traçado EEG e da crise epiléptica e enviá-las pela internet ao médico elec­troencefalografista que será previamente contactado por telemóvel ou SMS. Estas imagens serão então analisadas no PC ou PDA podendo permitir o diagnóstico com interrupção do exame, ou a conti­nuação da monitorização até completa definição da situação. Por outro lado, em casos menos graves, o técnico de neurofisiologia poderá estar no HEM a acompanhar o exame, enquanto o doente está no HSFX e o médico elec­troencefalografista noutro local distante.

Para além destes aspectos, foi neces­sário adquirir equipamentos de vídeo--EEG com melhor qualidade técnica, e estabelecer a ligação desta plataforma informática com os dois hospitais envolvidos (HSFX e HEM), quer na transmissão da imagem do vídeo-EEG, quer em termos de integração dos dados administrativos no sistema do CHLO.

O projecto foi desenvolvido graças a uma parceria entre o CHLO e a Fundação Vodafone que apoiou a solução garantindo todos os custos financeiros envolvidos na aquisição dos equipamentos, criação da solução informática e funcionamento do sistema durante um ano.

Com esta solução espera-se uma significativa melhoria das condições de realização destes exames às crianças e da qualidade dos registos, maior rapidez e precisão dos diagnósticos, melhores condições de segurança para os doentes e menores custos financeiros.

Ponto de Contacto

José Guimarães
Director do Serviço de Pediatria e do Departamento da Mulher e da Criança
Hospital S. Francisco Xavier

 Fonte: portal do Hospital S. Francisco Xavier