P´lo Sonho é que vamos
O projecto “P’lo sonho é que vamos”, co-financiado pela Iniciativa EQUAL, pretende uma abordagem integrada dos problemas específicos relativos às pessoas e comunidades ciganas e do seu relacionamento intercultural com as comunidades não ciganas.

Iniciativa: P´lo Sonho é que vamos
Entidade: CESIS – Centro de Estudos para a Intervenção Social
Entidades parceiras: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I. P. - Direcção de Serviços de Formação de Formadores; DGS – Direcção Geral da Saúde; Centro Hospitalar do Baixo Alentejo; ICE - Instituto das Comunidades Educativas; Direcção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas; AMUCIP - Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas; CIG - Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género; e ACIDI - Alto-Comissariado para a Imigração e Diálogo Inter-Cultural
Destinatários/Beneficiários potenciais: Crianças ciganas entre os 6 e os 12 anos; mulheres e jovens ciganas; pessoas e famílias residentes no Bairro da Cucena (Seixal); pessoas e famílias ciganas, incluindo migrantes (Seixal, Beja e Serpa); trabalhadores e organismos da administração central, local e outras entidades públicas e privadas; AMUCIP - Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas e suas associadas
Categoria: Serviços ao Cidadão
Ponto de Situação: Concluído. O projecto teve início no dia 6 de Janeiro de 2005 e terminou a 30 de Junho de 2009. 
Site: www.cesis.org

 
Assim sendo, parte do apoio a crianças, às quais as comunidades ciganas são particularmente sensíveis, quer para ensaiar soluções adequadas de conciliação da vida familiar e profissional, quer para promover a dimensão da saúde, designadamente infantil. Por outro lado, pretende o reconhecimento e o reforço do empowerment e da capacidade de intervenção social e cívica das mulheres e comunidades ciganas, pelo que a PD integra uma associação de mulheres ciganas, a única existente no país, - numa perspectiva de ‘trabalhar com’ e não de ‘trabalhar para’ – para além de instituições públicas e privadas.

Os objectivos do projecto são os seguintes:
  • Construir e ensaiar respostas transferíveis para a conciliação da vida profissional, pessoal e familiar e o percurso escolar de pessoas ciganas no Bairro da Cucena;
  • Reforçar o empowerment e a capacidade de intervenção social da AMUCIP designadamente identificando soluções formativas e profissionais adaptadas a pessoas ciganas, no estrangeiro;
  • Formar 72 trabalhadores/as para o desenvolvimento de competências interculturais e organizar um estágio de pessoa cigana no Centro Hospitalar do Baixo Alentejo para contratação como interlocutor/a entre os serviços e a comunidade cigana;
  • Sensibilizar/informar pessoas da comunidade cigana e não cigana no Seixal, em Beja e em Serpa para o diálogo intercultural e o aprofundamento do exercício da cidadania;
  • Criar produtos informativos transferíveis e adaptados às comunidades ciganas para a promoção do desenvolvimento humano de pessoas ciganas e de imagens positivas recíprocas das comunidades ciganas e não ciganas.

Para a prossecução destes objectivos são desenvolvidas as seguintes actividades:

  • Criação e animação de um espaço para apoio à conciliação pessoas ciganas e outras no Bairro da Cucena, no Seixal;
  • Concepção e realização de um Curso Inicial de Formação de Formadoras/es dirigido em particular a mulheres ciganas;
  • Concepção e realização de acções específicas de formação para a intervenção social e comunitária da AMUCIP;
  • Concepção e elaboração de um guia de boas práticas em diversas áreas temáticas, designadamente formação, emprego e medidas para a conciliação;
  • Concepção e realização de acções de formação para trabalhadores/as da administração central e local, e de outras entidades públicas e privadas;
  • Tertúlias de cruzamento de saberes;
  • Concepção de materiais informativos adaptados às comunidade ciganas sobre direitos e deveres, designadamente em matéria de trabalho no estrangeiro;
  • Recolha e organização da informação disponível online para alimentação de um portal de carácter transnacional sobre cultura cigana;
  • Estágios com formação em posto de trabalho com tutoria;
  • Seminário final. 
Recomendações

A realização de um trabalho de igual para igual como o desta iniciativa implica um exercício recíproco e constante de: 
  • Capacidade de escuta;
  • Capacidade de questionar as suas certezas;
  • Vontade de entender a realidade e os valores alheios;
  • Capacidade de aceitar e interpretar linguagens, posturas e comportamentos próprios de outros hábitos culturais e de outro estilo de vida;
  • Mediação junto das respectivas comunidades de pertença;
  • Versatilidade para encontrar resposta a solicitações inesperadas;
  • Esforço para persistir nos objectivos, apesar do que às vezes parecem ser incompreensões e retrocessos.
Considera-se que qualquer Parceria que envolva, de igual para igual, entidades das comunidades cigana e não cigana terá de estar disponível para uma aceitação, que tem que ser recíproca para ser igualmente respeitosa, e para um ajustamento, que tem que ser de um lado e de outro, para ser igualmente proveitoso.

Daí que se tenha procurado trabalhar estas competências num quadro formativo de aprendizagem intercultural.

De qualquer modo, não pense quem pretenda replicar a experiência que a formação é suficiente para garantir, permanentemente, um bom relacionamento. As pessoas ciganas e não ciganas não estão habituadas a trabalhar juntas e os seus métodos e expectativas são muito diversos. Toda a gente acha que a sua maneira de fazer é melhor e até talvez a única maneira de fazer ‘bem feito’. É com a persistência do quotidiano, com muito debate nas reuniões, com confiança, com sinceridade e com a vontade real de progredir de parte a parte que vamos alargando o nosso entendimento sobre outras realidades, o que nos permitirá interpretar-nos melhor.

Há muitos passos a dar e há também recuos porque não é de um dia para o outro que duas comunidades habituadas a olhar-se de soslaio passam a entender-se às mil maravilhas. Mas este Projecto provou que muitos mitos reciprocamente alimentados há gerações podem cair com benefício geral. Um desses mitos é o de que “os ciganos não querem trabalhar”. Outro é o de que “os não ciganos não se ralam com os ciganos, se não para os obrigar a fazer o que eles querem”. 

Anexos

Resultados

O produto “Melhorar a coesão social – Guia de boas práticas para a cidadania e o relacionamento de pessoas, instituições e comunidades ciganas e não ciganas” assenta numa visão integrada em torno de quatro pilares coerentes e indissociáveis – “Conciliação da actividade profissional com a vida familiar e o percurso escolar”, “Trabalho remunerado”, “Empoderamento” e Cidadania, que se traduzem em quatro Boas Práticas construídas segundo a lógica EQUAL “de igual para igual” e servidas por diversos instrumentos.

As mais valias deste produto são, de uma forma sucinta:
  • Demonstrar como se pode organizar um espaço de intervenção social e comunitária gerido por mulheres ciganas e reconhecido como um espaço amigável e de confiança pelas próprias pessoas e comunidades;
  • Demonstrar a outras pessoas ciganas como é possível harmonizar a participação de mulheres ciganas em actividades por elas concebidas e desenvolvidas, introduzindo aqui alguns elementos de mudança por relação a práticas tradicionais, mantendo-se, no entanto, o respeito pelos valores e normas da cultura cigana;
  • Demonstrar como se pode promover o desenvolvimento de competências que facilitam o trabalho numa associação que visa a intervenção social e comunitária;
  • Demonstrar como se podem desenvolver competências de diálogo entre comunidades ciganas e não ciganas;
  • Demonstrar como é possível introduzir no funcionamento normal dos serviços, nomeadamente de saúde, actividades, ou funções, que facilitam a humanização dos mesmos e um relacionamento intercultural;
  • Definir um perfil de competências para a interlocução inter-cultural em serviços de saúde;
  • Demonstrar como adaptar referências e instrumentos de formação a pessoas ciganas;
  • Definir e testar metodologias de tertúlias de troca de saberes;
  • Demonstrar a desejabilidade de respostas integradas para o desenvolvimento de competências no domínio da cidadania e do diálogo inter-cultural, visando responder simultaneamente às necessidades da comunidade cultural maioritária e às necessidades da comunidade cultural minoritária;
  • Demonstrar como se pode promover o acesso à informação por parte de pessoas e comunidades ciganas, através da concepção de materiais informativos adaptados;
  • Demonstrar como é possível o desenvolvimento de sinergias, por parte de pessoas e instituições da comunidade maioritária no apoio a uma associação de mulheres ciganas que pretende realizar intervenção social e comunitária;
  • Reconhecimento da capacidade de pessoas ciganas, e em particular das mulheres da AMUCIP, como mediadoras;
  • Demonstração de como é possível, pessoas ciganas e não ciganas trabalharem juntas, no contexto de uma parceria formal, numa lógica de “igual para igual”.

Ponto de Contacto

Ana Cardoso
C.E.S.I.S. – Centro de Estudos para a Intervenção Social
Tel.: (+351) 213 845 560
ana.cardoso@cesis.org  


 Última Actualização: quarta-feira, 28 de Abril de 2010