Gripenet
A ideia de monitorizar a epidemia sazonal de gripe, utilizando a Internet e com base na participação voluntária dos cidadãos, nasceu na Holanda, em 2003. Rapidamente constitui-se num caso de sucesso de comunicação de ciência e de promoção da saúde. O projecto holandês, entretanto alargado à Bélgica que fala flamengo, motivou investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência a encetar uma colaboração internacional que veio dar lugar, em 2005, ao Gripenet português.
Iniciativa: Gripenet
Entidade: Instituto Gulbenkian de Ciência
Destinatários/Beneficiários potenciais: Todos os indivíduos residentes em Portugal Continental e nas Regiões Autónomas.
Categoria: Serviços ao Cidadão
Ponto de Situação: O projecto Gripenet iniciou-se em Outubro de 2005. Desde então, entre Outubro e Maio de cada ano, recolhe dados junto da população para a monitorização da epidemia da gripe sazonal. Entrou em monitorização extraordinária em Maio de 2009, devido ao potencial pandémico do novo vírus A(H1N1), de origem suína. Os conteúdos são permanentente actualizados. Já participaram na monitorização mais de 12 mil cidadãos.
Custos envolvidos: O Gripenet recebeu financiamento inicial (50 mil euros) da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi beneficiário de fundos provenientes do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento (cerca de 20 mil euros) e teve uma posição de bolseiro, concedida pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Recorre a financiamentos privados (mecenato científico). A lista de apoios e patrocínios pode ser consultada
aqui.
Site: www.gripenet.pt
Desde então foram optimizadas as ferramentas de monitorização da gripe em tempo real. Os dados recolhidos são utilizados para novos modelos matemáticos de propagação de epidemias.
Acompanhando a actividade esperada da gripe, o Gripenet recolhe dados de Novembro a Maio. É com base nesses dados, recolhidos em questionários online, que é feita a monitorização da epidemia sazonal. Contudo, o site de suporte ao projecto está activo durante todo o ano, de forma a fornecer informação sobre a doença e as temáticas com ela envolvidas. O site
www.gripenet.pt é o maior repositório de conteúdos on-line em língua portuguesa sobre a gripe.
Todos podem participar na monitorização Gripenet. Basta residirem em território nacional e possuir endereço de correio electrónico.
Depois de se registarem no site, os participantes recebem semanalmente uma newsletter com curiosidades e notícias sobre a gripe e são convidados a preencher, em alguns segundos, um pequeno questionário sobre os sintomas gripais (ou ausência deles) da semana anterior. A recolha de dados tem por objectivo monitorizar, em tempo real, a evolução da epidemia.
Desta forma, qualquer cidadão pode contribuir com informação pertinente para o desenvolvimento de modelos epidemiológicos sobre a gripe.
Esta informação não concorre com a que é obtida pelos métodos de vigilância das entidades de saúde, a cargo do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Tratam-se de metodologias e amostras diferentes, susceptíveis, isso sim, de se complementarem, para um melhor retrato da gripe em Portugal. Por isso, desde a primeira hora, o Gripenet tem contado com a colaboração daquele Instituto e da Direcção-Geral de Saúde.
Devido às suas características, o sistema Gripenet possibilita uma detecção precoce de eventuais anomalias, e uma captação de pessoas que recuperam da gripe sem recorrer aos serviços de saúde. Com uma assinalável economia de recursos. Características potencialmente úteis em caso de uma eventual pandemia. Os dados são analisados por investigadores do IGC e a informação fica disponibilizada no site (curvas de incidência, projecção geo-referenciada em mapas de diferentes escalas, bases de dados para fins de investigação, etc.) Este trabalho é acompanhado pelo desenvolvimento de modelos matemáticos e plataformas computacionais com capacidade para simular a propagação da gripe em Portugal e avaliar cenários de intervenção.
O projecto Gripenet é financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, pela Comissão Europeia e pelo mecenato científico. Participa activamente na construção de uma rede europeia de monitorização da gripe através da Internet.
Área de aplicação
Desde 2008 que o projecto estabeleceu parcerias institucionais para a inclusão de sub-amostras. Universidade do Porto, Universidade de Évora (ambas no âmbito dos seus planos de contingência para uma pandemia) e Grupo Portugal Telecom (no âmbito da responsabilidade social) possuem entradas específicas no Gripenet. Outras instituições já pediram a sua adesão.
Desde 2007 que o Gripenet disponibiliza as suas bases de dados, anonimizadas, para fins de investigação científica, no país e no estrangeiro.
O Gripenet desenvolve conteúdos específicos para o público escolar, procurando envolver este grupo etário com a problemática da comunicação de ciência e da educação para a saúde. Ver exemplo
aqui. Igualmente desenvolve acções junto dos idosos (nomeadamente com as universidades da terceira idade).
Recomendações
O Gripenet pode ser incluído pelas organizações, públicas ou privadas, como instrumento de disseminação de informação útil sobre doenças de fácil transmissão. Pode igualmente constituir (pela criação de amostras próprias, integradas na amostra nacional) um auxiliar da decisão em matérias relacionadas com a higiene e segurança no trabalho, estudos sobre absentismo, etc.
O Gripenet assegura o total anonimato dos dados. Autarquias podem contribuir para estudos locais, utilizando as ferramentas de geo-referenciação do Gripenet. Contudo, essas visualizações só são científicamente relevantes se as amostras (número de participantes) forem suficientemente grandes.
Próximas Acções
A equipa do Gripenet colabora activamente na replicação do sistema de monitorização online para países como o Brasil, México e Reino Unido. É co-fundador da rede europeia Influenzanet e participante activo do projecto Epiwork (7º Programa Quadro, ICT).
Estão em teste protótipos para a sua adaptação a outras monitorizações de sintomas online, tais como os provocados por doenças gastro-intestinais e pela dengue (esta em parceria com instituições de investigação no Brasil).
Anexos
Gripenet no Twitter -
www.twitter.com/gripenet
Blog da Gripenet -
www.gripenet.pt/blog
GRIPENET: AN INTERNET-BASED SYSTEM TO MONITOR INFLUENZA-LIKE ILLNESS UNIFORMLY ACROSS EUROPE, Eurosurveillance, Volume 12, Issue 7, 1 July 2007
Resultados
Em média, em cada estação gripal, o Gripenet recebe e trata cerca de 33 mil questionários online. O seu processamento permite traçar, em tempo real, a incidência gripal no país e compará-la com sistemas análogos.
São igualmente recolhidos dados socio-demográficos e hábitos de saúde (
profile) relevantes para estudos epidemiológicos mais detalhados (factores de risco, eficácia da vacinação, etc.).
Nota explicativa das semanas
As curvas do gráfico representam, em cada dia, a incidência calculada com base no número de casos registados nos sete dias que o precedem. Os pontos marcados na curva correspondem aos domingos (dia em que o Centro Nacional da Gripe escolhe para calcular esta incidência). A adesão aos questionários de sintomas tende a ser semanal pelo que toda a informação necessária para desenhar o ultimo ponto só está actualizada quanto a maioria dos participantes responder ao questionário dessa semana.
Nota explicativa sobre a incidência
A incidência da gripe é a proporção de pessoas que ficaram doentes num determinado dia. Por exemplo: se 30.000 pessoas forem monitorizadas, e num determinado dia 60 pessoas ficaram doentes, a incidência nesse dia é 0.2%, ou “20 por 10.000”. Outra medida usada para monitorizar uma epidemia é a prevalência, ou seja, a proporção de pessoas que estão doentes num determinado dia. Para medir a prevalência é necessário saber em que dia cada pessoa recupera da doença. Isto é difícil de determinar, porque as pessoas normalmente melhoram progressivamente. Uma característica da gripe é que a febre sobe muito rapidamente permitindo a determinação do dia de início. Por este motivo a incidência é uma medida bastante melhor que a prevalência no caso da gripe.
Ponto de Contacto
Gabriela Gomes
Coordenadora Científica
Tel.: (+351) 214 464 626
ggomes@igc.gulbenkian.pt
Vitor Faustino
Coordenador Executivo
Tel.: (+351) 214 464 622
vfaustino@igc.gulbenkian.pt
Última Actualização: segunda-feira, 11 de Maio de 2009