Manutenção Centrada na Fiabilidade
Este projecto nasce de uma parceria entre a CP e a EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário), envolvendo 244 profissionais e visou implementar uma nova metodologia de manutenção do material circulante, implicando uma nova maneira de pensar e actuar na manutenção: melhor gestão dos activos com a optimização da disponibilidade do Material Circulante, redução de custos sem comprometer a segurança ferroviária e melhor qualidade do serviço prestado aos nossos Clientes com elevados índices de fiabilidade.
Iniciativa: Manutenção Centrada na Fiabilidade
Entidade: CP - Caminhos de Ferro Portugueses, E.P.
Destinatários/Beneficiários potenciais*: Unidades de Negócio Internas e passageiros
Categoria: Qualidade
Ponto de Situação*: Em curso
Site: www.cp.pt
A CP – Caminhos de Ferro Portugueses empresa que presta serviço de transporte ferroviário aos cidadãos de norte a sul do país, tem vindo a deparar-se com um enorme desafio que é o encontro de soluções para os elevados custos de manutenção do material circulante, situação que afecta a generalidade das empresas do sector. O projecto nasce de uma parceria entre a CP e a EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário), envolvendo 244 profissionais.
O nosso principal objectivo é a satisfazer os nossos clientes e as suas necessidades cada vez mais exigentes em termos de qualidade do serviço oferecido, neste sentido foi imperativo encontrar uma nova metodologia de manutenção dos nossos comboios que permitisse reduzir os custos de manutenção sem pôr em causa factores como a qualidade, fiabilidade e segurança.
Com este objectivo, a CP em parceria com a EMEF “Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (prestador de serviços manutenção) está a implementar uma nova metodologia de manutenção designada por RCM (Reliability Centred Maintenance - "Manutenção Centrada na Fiabilidade") implicando uma nova maneira de pensar e actuar na Manutenção. Foi assim lançado um projecto-piloto, designado "Melhoria do Serviço – Aplicação da Metodologia RCM” (Manutenção Centrada na Fiabilidade) para uma série de material com vista a:
- Aumentar a fiabilidade e a disponibilidade do material circulante;
- Reduzir os custos de manutenção;
- Melhorar a eficiência do planeamento das intervenções no material.
Os bons resultados do projecto já conduziram à implementação gradual do novo conceito a outras séries de material circulante. Outro objectivo primordial deste projecto foi o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem da organização e neste caso específico também de um seu prestador de serviços.
A sua aplicação iniciou-se na CP em Setembro 2003 na frota dos comboios de pendulação activa CPA 4000 (que realizam o serviço alfa pendular, símbolo dos modernos serviços da CP) terminando em Maio 2006. Realizaram-se acções de formação intensiva no novo conceito junto dos quadros e técnicos da CP e da EMEF (desde Setembro 2002). A moderna manutenção, de que o RCM é o expoente máximo, considera novos desenvolvimentos tais como:
- Ferramentas de apoio à decisão, tais como estudos de risco, de modos de falha e seus efeitos;
- Novas técnicas de manutenção sob condição;
- Novas tarefas de manutenção tipificadas por:
- Verificação de falhas ocultas típicas de dispositivos de protecção;
- Programas de exploração de vida dos equipamentos;
- “Wait and see”.
Segundo o RCM, os equipamentos só devem ser retirados nas intervenções para realização de revisões gerais quando a desmontagem e abertura dos mesmos forem absolutamente necessárias.
A metodologia RCM considera que o objectivo da manutenção é preservar as funções críticas dos equipamentos, sendo por isso as rotinas de manutenção executadas para diminuir ou reduzir as consequências das falhas. Assim, a logística de elementos de substituição deve equacionar a necessidade de comprar o sobresselente, e, em caso afirmativo, quantos aprovisionar o que produz significativas implicações também ao nível da redução de stocks.
A aplicação da metodologia RCM é portanto um projecto inovador aplicado ao material circulante, comprovando uma melhor gestão dos activos, redução de custos e melhor qualidade do serviço prestado pelo incremento da disponibilidade com fiabilidade.
Destinatários/Beneficiários potenciais*
As Unidades de Negócio Internas à CP que efectuam o serviço de exploração do Material Circulante são quem mais usufruem dos benefícios da aplicação da metodologia, para além como é óbvio dos passageiros como cliente final.
Inerentes à sua aplicação advêm igualmente vantagens para o Prestador de Manutenção no aumento do “Know-how” dos equipamentos constituintes dos Comboios, na rentabilização de mão-de-obra dos técnicos de manutenção/reparação e na reestruturação das estratégias oficinais garantindo uma melhor sustentabilidade económico-financeira.
Ponto de Situação*
O programa de análises RCM II (fase I do projecto) e implementação das suas recomendações (fase II do projecto), previsto para as séries de material circulante CPA 4000, UQE 2300/2400, UTE 2240 e UME 3400 estão concluídos resultando destes trabalhos diversos relatórios e documentos que fundamentam neste momento o processo de reorganização para se obter um processo de manutenção coerente, eficaz e eficiente.
Nas séries LE 5600 e UQE 3500 o projecto encontra-se numa fase transitória entre a primeira e a segunda fase. De momento procede-se também à implementação da terceira fase do projecto (monitorização contínua do projecto) na série CPA 4000.
Cronologia e fases do projecto RCM (pdf, 172 KB)
Recomendações
Pela complexidade do projecto este deverá ser encarado de forma frontal por toda a estrutura da empresa envolvendo todos os colaboradores e partindo da gestão de topo. A mudança de mentalidade e um aumento do espírito crítico são essenciais para o sucesso dum projecto desta natureza.
Próximas Acções
- Série CPA 4000
- Criar um fluxo informativo para acompanhar os componentes à reparadora;
- Analisar o feedback da reparadora;
- Desenvolver a manutenção faseada.
- Série UQE 2300/2400
- Adaptar instalações, recursos, equipamentos e cadeia logística de componentes;
- Criar um fluxo informativo para acompanhar os componentes à reparadora;
- Realizar as fichas PEV;
- Analisar o feedback da reparadora;
- Analisar incidentes operacionais;
- Analisar PEV e “Wait and See”;
- Corrigir modos de falha;
- Desenvolver a manutenção faseada;
- Séries UME 3400, UTE 2240, UQE 3500 e LE 5600
- Concluir as análises RCM II;
- Elaborar documentos de apoio à segunda fase do processo (requisitos de manutenção preventiva, diagnóstico de avarias, lista de LRU’s, lista de reprojectos e lista de modos de falha);
- Elaborar o novo ciclo de manutenção RCM II;
- Actualizar as visitas de manutenção da EMEF;
- Actualizar as instruções de trabalho;
- Adaptar instalações, recursos, equipamentos e cadeia logística de componentes;
- Definir a consistência de reparação dos equipamentos com potencial de vida associado;
- Criar um fluxo informativo para acompanhar os componentes à reparadora;
- Realizar as fichas PEV;
- Analisar o feedback da reparadora;
- Analisar incidentes operacionais;
- Analisar PEV e “Wait and See”;
- Corrigir modos de falha;
- Desenvolver a manutenção faseada.
Anexos
Vicente, Ricardo (2008). Implementação da metodologia de manutenção RCMII na CP e na EMEF. Lisboa: CP-Frota.
Resultados
A aplicação da metodologia RCM permitiu alcançar um vasto leque de resultados que se passam a descrever:
- Tarefas de manutenção foram racionalizadas em consistência/periodicidade e direccionadas para os modos de falha, tendo como factor decisor os impactos directos dos mesmos para a segurança e exploração das unidades de material circulante;
- Redução da manutenção intrusiva nos equipamentos;
- Definição de novos ciclos de manutenção mais adequados ao contexto operacional de cada segmento da frota de material;
- Redução do tempo de realização das intervenções no material circulante;
- Melhoria da produtividade dos recursos;
- Maior disponibilidade do material circulante para o serviço;
- Identificação efectiva de dois níveis de materiais (LRU’s/SRU’s) a ter em stock:
- LRU´s (Line Replacement Unit) – equipamento de substituição em linha (Manutenção);
- SRU´s (Shop Reparable Unit) – equipamento de reparação em oficina (Reparação).
- Redução dos níveis de stock;
- Direccionamento de verbas para as operações realmente necessárias;
- Existência de suporte para contratualização dos serviços de manutenção em novos moldes;
- Redução dos custos globais de manutenção do Material Circulante através uma profunda revisão dos planos dos fabricantes;
- Extensão da vida útil das unidades motoras. A manutenção dos veículos ferroviários exerce uma grande influência no seu custo do ciclo de vida (Life Cycle Cost – LCC), por um lado através dos custos da manutenção, mas, de modo crescente, igualmente através da disponibilidade;
- Acrescida segurança e fiabilidade dos equipamentos;
- A nível comercial, e por ser possível realizar um maior número de quilómetros por mês devido aos menores tempos de imobilização para manutenção, pôde ser implementado um novo modelo de oferta do serviço Alfa Pendular, com maior número de comboios diários;
- Melhoria dos níveis de conforto do material e equipamentos.
A eficácia das tarefas predomina sobre a eficiência, ou seja, mais importante que efectuar rápido, é fazer incidir os esforços de manutenção naquilo que é mais útil e oferece maior retorno ao investimento, traduzido este retorno em aumento de disponibilidade e fiabilidade dos activos.
Face ao desenvolvimento tecnológico do material e das novas realidades comerciais e económicas, o RCM é ferramenta essencial para a competitividade futura da CP.
Gráficos representativos dos resultados do projecto (pdf, 172 KB):
- Gráfico 1 - Variação anual do custo de conservação total por quilómetro da série CPA 4000
- Gráfico 2 - Incidentes na série CPA 4000 da responsabilidade do material por milhão de quilómetros
- Gráfico 3 - Duração média de uma visita de manutenção originada por avaria
- Gráfico 4 - Quilómetros percorridos por unidade da série CPA 4000 por mês
- Gráfico 5 - Disponibilidade da série CPA 4000
- Gráfico 6 - Disponibilidade diária da série CPA 4000 às 19 horas
Ponto de Contacto
José Canelas Lopes
Director Coordenador da CP Frota
Tel: (+351) 211 021 063
jclopes@cp.pt
Última Actualização: sexta-feira, 12 de Setembro de 2008