Equalidade
O projecto “Equalidade” surge no âmbito do Programa EQUAL e decorreu no concelho de Vila Nova de Famalicão até 2008, tendo como base seis empresas de economia social que foram objecto de implementação do Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ), sendo estas organizações distribuídas por seis freguesias do concelho: Bairro, Joane, Antas, Vermoim, Lousado e Arnoso de Santa Maria. Este projecto envolve ainda cerca de mais 12 empresas de economia social provenientes de outras freguesias das 49 existentes no concelho de Vila Nova de Famalicão. A parceria alargada com centro distrital de solidariedade e segurança social de Braga recolocará o projecto, em termos de multiplicação/difusão para as empresas de economia do distrito de Braga.
Iniciativa: Equalidade
Entidade: Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão - Rede Social: Grupo do Desenvolvimento Organizacional
Entidades parceiras: ENGENHO - Associação de Desenvolvimento Local do Vale do Este; Associação Teatro Construção; BÚSSOLA – Pesquisa de Mercado e Comunicação Lda; A.M.L. - Associação de Moradores das Lameiras; MUNDOS DE VIDA - Associação para a Educação e Solidariedade; Centro Social e Culturas de S. Pedro de Bairro; RECREIO DO JOÃO – Cooperativa de Solidariedade Social, CRL
Destinatários/Beneficiários potenciais: Empresas de economia social; dirigentes das empresas da economia social; trabalhadores das empresas da economia social; partes interessadas; e
stakeholders
Categoria: Qualidade
Ponto de Situação: Concluído. O projecto teve início no dia 2 de Novembro de 2004 e terminou a 30 de Junho de 2009.
Site: www.cm-vnfamalicao.pt/equalidade
O “Equalidade” é um projecto que visa atingir os seguintes objectivos:
- Criar e testar um método participativo de implementação de um Sistema de Gestão de Qualidade - SGQ, em seis organizações da economia social do concelho de V.N. de Famalicão;
- Certificar pelo menos uma valência em cada uma das respectivas organizações;
- Desenvolver, em rede, a qualidade em dezoito organizações da economia social.
Os pilares do projecto são: a cooperação transnacional, a realização de formação profissional, a realização de seminários e
workshops temáticos, a implementação de um sistema de comunicação e informação, a certificação das competências escolares dos trabalhadores com baixos níveis de escolaridade, e a monitorização e auditoria contínuas.
O projecto visa a criação de um produto com cinco folhetos:
- Carta da Qualidade - princípios de orientação da actividade das organizações que articula valores do EQUAL e carta internacionais diversas;
- Índice da Qualidade - medidas do desempenho do sistema de gestão da qualidade que permite comparar resultados ao longo do tempo e entre valências e organizações;
- Manual de Procedimentos da Qualidade - procedimentos para diversos processos (realização, medição, gestão e suporte), cada peça incorpora descrição genérica do procedimento e os modos de fazer adaptados nas seis organizações;
- Guia de Orientação para a certificação do SGQ em organizações da economia social - adaptação dos conceitos e princípios da norma ISO 9 000 e 9001 à construção do SGQ;
- Manual de Boas Práticas - troca de boas práticas e ideias inovadoras usadas pelos três projectos.
A avaliação externa, assente numa metodologia participativa, constitui uma garantia de eficácia e transparência da monitorização e auditorias internas. E a parceria alargada, constituída pelo Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social (CDSSS) de Braga, pela Equipa de Educação e Formação de Adultos (EFA) do Norte, pelo Centro de Reconhecimento e Validação de Competências do Vale do Ave, pela Universidade do Minho - Departamento de Sociologia, é um importante suporte de legitimação e disseminação dos resultados/produtos.
Recomendações
1º Passo: Constituição do Equalidade
A génese do "Equalidade" residiu num grupo de trabalho que foi criado no âmbito da Rede Social, dedicado ao desenvolvimento organizacional, concretamente no grupo temático cinco – Qualidade nas organizações prestadoras de serviços sociais.
Do diagnóstico participado realizado ao nível das Comissões Sociais Inter-Freguesias, mereceram relevo uma série de dificuldades comuns às diversas organizações do sector social, a saber:
- Problemas de comunicação e informação;
- Falta de recursos humanos e ausência de modelos de envolvimento e participação dos recursos humanos;
- Incumprimento de regras de higiene e segurança no trabalho;
- Ausência de práticas de gestão da qualidade;
- Pouca abertura a relações inter-institucionais;
- Falta de valorização da formação profissional;
- Falta de adopção de modelos de gestão profissionais;
- Falta de exploração de novos meios de financiamento.
O tema da qualidade vinha sendo muito debatido no âmbito da Rede Social. Por razões diversas, segundo os diferentes entrevistados, a qualidade foi assumida como pertinente por todos os parceiros. Entre as principais razões apontadas, salientam-se:
- A necessidade de qualificação dos serviços prestados por estas organizações num contexto de uma crescente exigência por parte dos utentes/clientes, mas sobretudo por parte do Estado, que tende a introduzir alterações nas regras de financiamento das IPSS’s, designadamente tende a diferenciar os apoios financeiros em função do cumprimentos de critérios de qualidade;
- A tendência para um alargamento progressivo da cobertura das necessidades de serviços sociais no concelho e a correlativa importância de investir na qualificação dos serviços e menos na expansão dos mesmos;
- A possibilidade do projecto em parceria para a implementação de Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) neste tipo de organizações corresponder a uma oportunidade de desenvolvimento de acções que permitem contribuir para colmatar necessidades sentidas na generalidade das IPSS do concelho;
- O reconhecimento por todos os parceiros da importância estratégica da qualidade e da certificação das suas instituições.
Uma vez definido o tema do Projecto, a empresa Bússola – Pesquisa de Mercado e Comunicação, Lda, adiante designada apenas de Bússola, empresa privada de consultoria com competências na área da qualidade, foi convidada a integrar a PD como forma de completar um dos requisitos do EQUAL de inclusão de empresas privadas na PD e, sobretudo, como forma de garantir os conhecimentos e competências fundamentais para a implementação do SGQ. As três IPSS’s que integraram de origem a PD, tinham já em maior ou menor grau um conhecimento prévio da Bússola.
2º Passo: Diagnóstico Organizacional
O projecto "Equalidade" iniciou com a realização de diagnósticos organizacionais às seis organizações da economia social que integravam a Parceria de Desenvolvimento (PD). A metodologia utilizada neste diagnóstico foi eminentemente qualitativa, com recurso a grupos focalizados para a aplicação do diagrama de Ishikawa ou diagrama de causa-efeito, precedida de formação junto dos utilizadores da ferramenta. De referir que, para a aplicação do diagrama, foram definidas cinco áreas de gestão: comunicação interna; controlo de actividades; controlo de compras e stocks; controlo de desempenho; e satisfação de necessidades e expectativas dos clientes. Ou seja, foi dentro das áreas de gestão previamente definidas que se identificaram os problemas organizacionais.
Para além do diagrama de Ishikawa, e tendo em conta a necessidade de obter mais informação, foi aplicado um inquérito por questionário junto de um número mais alargado de clientes. O que proporcionou a recolha e análise de dados quantitativos.
Com a aplicação desta ferramenta identificaram-se os seguintes problemas organizacionais:
- Comunicação ineficaz;
- Gestão ineficaz e ineficiente de actividades;
- Gestão ineficaz e ineficiente das compras e stocks;
- Gestão ineficaz do desempenho;
- Insatisfação de necessidades e expectativas de clientes.
Pontos Fortes:
Este tipo de ferramenta proporcionou a participação activa de profissionais de diferentes graus de responsabilidade hierárquica, assim como de clientes. O resultado do diagnóstico, a nível interno, foi portanto no sentido
bottom-up.
Pontos Fracos |
Solução implementada |
O facto da formação acerca do diagrama de Ishikawa incidir basicamente na explicitação teórica e ausência de aplicação de um caso prático na utilização da ferramenta, levaram a algumas dificuldades na sua aplicação. |
Partilha de conhecimentos e informação entre os técnicos responsáveis pela aplicação da ferramenta e solicitação de apoio à entidade consultora. |
As organizações partilhavam dos mesmos problemas, com maior ou menor intensidade. Os resultados do diagnóstico reforçaram a ideia de que a implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade iria permitir a optimização dos processos e a racionalização das práticas, prevendo ganhos em qualidade e produtividade.
3º Passo: Formação aos Técnicos Responsáveis pela Implementação do SGQ
Os profissionais que, nas organizações, ficaram responsáveis pela implementação do SGQ, tiveram que adquirir conhecimentos e competências na área da gestão da qualidade, designadamente, através da frequência de um conjunto de acções de formação complementares, ministradas pela Bússola (Comunicação Organizacional, Gestão por Processos, Avaliação da Satisfação de Clientes, Auditorias Internas, Gestão de Recursos Humanos).
A formação em “Comunicação Organizacional” e “Gestão por Processos” foi ministrada antes da construção dos processos, sendo as restantes desenvolvidas ao longo da implementação dos SGQ. Paralelamente às acções de formação, os profissionais participaram num ciclo de
workshops no âmbito da qualidade, onde se exploravam questões mais específicas, nos quais participavam também técnicos de organizações pares (Rede da Qualidade).
Pontos Fortes:
O manual de suporte à formação teve a particularidade de ter sido construído pelos formandos em colaboração com a Bússola, tendo-se revelado um factor facilitador da eficácia da formação (construção de soluções criativas e inovadoras, adequadas à realidade das organizações).
4º Passo: Identificação e Classificação dos Processos
Uma das primeiras questões levantadas, em contexto de formação “Gestão por Processos”, foi a identificação e designação adequada dos processos a construir assim como a sua classificação.
Foi utilizada a classificação proposta pela NP ISO 9001:2000, nos seguintes moldes: Processos de Realização; Processos de Suporte; Processos de Gestão; e Processos de Medição.
Houve um consenso quanto à designação da grande maioria dos processos assim como quanto à sua classificação.
Pontos Fortes:
Normalização das classificações e partilha de significados.
5º Passo: Diagnóstico dos Processos
Após a identificação dos processos de realização, a Bússola realizou, em cada uma das seis organizações, um diagnóstico, processo a processo, com recurso a grupos focalizados, utilizando a técnica
brainstorming, em que os participantes identificaram necessidades e dificuldades na realização das suas tarefas.
Com base nestes diagnósticos, a Bússola construiu o diagrama de Ishikawa para cada um dos processos, categorizando as questões levantadas em problemas e avançando já com algumas sugestões de melhoria, que posteriormente, foram incorporadas na construção dos processos que entretanto foi sendo desenvolvida quer em contexto de formação, quer em reuniões de trabalho.
Pontos Fortes: O diagnóstico aos processos conduziu a uma tomada de consciência sobre os problemas existentes, alguns dos quais nem sequer eram encarados como tal.
Pontos Fracos |
Solução implementada |
A presença de elementos da gestão de topo nos grupos focalizados tende a inibir os profissionais de identificarem as dificuldades e problemas ao nível das actividades que realizam. |
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6º Passo: Constituição dos Grupos de Trabalho e Construção dos Processos
Atendendo ao facto de haver organizações que iam implementar o SGQ às mesmas valências/serviços, e por uma questão de rentabilização de recursos e de partilha de conhecimentos e práticas, constituíram-se dois grupos de trabalho:
- Grupo da infância, que integrou profissionais das organizações que iriam certificar valências da infância (Engenho – creche e infantário; Recreio do João – creche; e Associação de Moradores das Lameiras – Centro de Actividades de Tempos Livres);
- Grupo dos Idosos, que integrou profissionais das organizações que iriam certificar serviços/valências para idosos (Associação Teatro Construção – Lar de Idosos, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário (SAD); Associação de Moradores das Lameiras – SAD; CSCSP Bairro – Lar de Idosos/Unidade de Cuidados Continuados; Mundos de Vida – Lar de Idosos, Centro de Dia e SAD).
Com o apoio, orientação e colaboração da Bússola, cada grupo de trabalho foi responsável pela elaboração dos Processos de Realização e Processos de Suporte (mapeamento, fluxogramas, instruções de trabalho e formulários), das respectivas valências/serviços. Foi nesta fase que também foram definidos os âmbitos de cada processo assim como os respectivos responsáveis.
Numa fase posterior à construção, a PD adoptou o seguinte método de validação dos processos de realização e processos de suporte: em 1ª instância, pelos grupos de trabalho em reunião de trabalho (na qual a Bússola apresentava o resultado da reunião anterior, e onde os técnicos faziam sugestão de melhoria); em 2ª instância, pelos técnicos da PD (onde se recolhiam sugestões de melhoria pelos elementos da PD que não faziam parte do grupo de trabalho); e, em última instância, pelos dirigentes, em reunião de trabalho, precedida de uma reunião interna com os técnicos da sua organização, onde havia lugar também à integração de sugestões de melhoria.
A edição do manual “Gestão da Qualidade das Resposta Sociais”, pelo Instituto da Segurança Social (ISS, I.P.), para a valência creche, em tempo oportuno, isto é, aquando da construção dos processos, foi uma entrada para os processos de realização. Desta forma os processos construídos cumprem, para além dos requisitos da ISO 9001, as orientações da Segurança Social.
Os manuais para o Serviço de Apoio Domiciliário e para a valência de Centro de Dia, só foram editados após a construção dos processos. Neste sentido, mais do que uma adaptação houve uma preocupação em verificar o cumprimento dos requisitos do ISS, I.P.
Os processos de medição e os processos de gestão foram construídos em larga medida pela Bússola, devido ao
know-how ao nível da gestão da qualidade. Posteriormente, estes foram apresentados à PD para recolha de sugestões de melhoria e consequente validação.
Pontos Fortes:
Durante a construção em parceria, foram desenvolvidas competências ao nível da cooperação (distribuição e partilha de responsabilidades) e capacidade de abertura perante as organizações parceiras (boas práticas).
O capital social adquirido entre os técnicos que trabalharam em grupo restrito potenciou a eficácia do trabalho em parceria.
Houve uma complementaridade ao nível de conhecimentos (normas e procedimentos da qualidade) – Bússola; de práticas – organizações da economia social; e de conhecimentos sobre a economia social, orientações governamentais e respectivas tendências de mudança (organizacional, sectorial e nacional) – Município de VNF. Acresce o trabalho de avaliação e acompanhamento desenvolvido pela entidade de avaliação externa, que também foi dando pistas e orientações preciosas ao trabalho que estava a ser desenvolvido no âmbito do projecto.
A edição dos manuais do ISS veio permitir à parceria trabalhar em alinhamento com as orientações do ISS, I.P.
Pontos Fracos
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Solução implementada
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Os grupos tiveram dificuldades na normalização dos processos. Em termos comparativos, há práticas que existem numas organizações, mas não noutras, por outro lado, algumas práticas das diversas organizações são idênticas em termos de substância, mas diferentes em termos de operacionalização (tipo de recursos utilizados, etapas de processamento, documentação e formulários utilizados).
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Houve consenso quanto à normalização dos processos, no entanto, ficou definido que cada organização posteriormente os adaptaria à sua realidade. Ou seja, houve consenso quanto ao número e designação dos processos, mas alguns deles com conteúdos, nomeadamente no mapeamento e descrição de tarefas, que respeitam as práticas organizacionais existentes.
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7º Passo: Formação aos Profissionais das Organizações
Para os profissionais das organizações que executavam actividades nas valências/serviços nos quais se pretendia implementar o SGQ foi ministrada formação em “Comunicação Organizacional” e em “Gestão por Processos”. Na acção de formação de “Comunicação Organizacional” houve intercâmbio de técnicos, ou seja, cada técnico que havia recebido formação foi formador numa organização que não a sua.
Estas acções de formação tiveram a particularidade de serem desenvolvidas pelos técnicos das várias organizações, o que permitiu a transmissão de conhecimentos e o reforço de competências, não só dos formandos (que receberam formação), mas também dos formadores, dos técnicos (que ministraram formação), que tiveram assim uma oportunidade única de contactar e conhecer melhor os profissionais das organizações parceiras. Uma relação
win-win, como habitualmente se designa em gestão.
Quanto à formação em “Gestão por Processos”, esta foi desenvolvida internamente, pelos técnicos que tinham frequentado a formação ministrada pela Bússola.
Pontos Fortes
O intercâmbio dos técnicos entre as organizações foi uma estratégia facilitadora da eficácia da formação no caso específico da acção de formação “Comunicação Organizacional”. Relativamente à formação “Gestão por Processos”, o facto desta ter sido assumida pela organização, foi facilitador da adaptação dos procedimentos à sua realidade, na medida em que envolveu os profissionais afectos à valência/serviço onde se estava a processar a implementação do SGQ. O facto de o manual de suporte à formação ter sido construído pelos formandos em colaboração com a Bússola, foi um factor facilitador da eficácia da formação (construção de soluções criativas e inovadoras).
Pontos Fracos
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Solução implementada
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No decorrer da formação, houve situações em que os técnicos/formadores se deparam com alterações mais ou menos constantes no grupo de formandos, o que fez com que houvessem formandos que não acompanharam a formação do início ao fim.
Por outro lado, nem todas as organizações deram início à formação ao mesmo tempo, o que, em parceria, poderá ter impactos na prossecução de objectivos comuns, como seja a construção conjunta dos processos, e consequentemente ser um factor que leve a atrasos ao início da implementação do SGQ.
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Em primeira instância, a Bússola ministrou a formação aos responsáveis pela implementação do SGQ, dotando-os, por um lado, de competências em “Comunicação organizacional” e em “Gestão por Processos”, e, por outro, de competências pedagógicas, de modo a preparar estes últimos para as reproduzir junto dos profissionais. |
Tendo em contas as exigências de um SGQ, designadamente em termos de registos, houve a necessidade de procurar elevar os níveis de escolaridade dos profissionais das organizações. Neste sentido, foi estabelecida uma parceria com o Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências do Vale do Ave, a qual proporcionou a um número significativo de profissionais a obtenção do nono ano de escolaridade. Cumprindo-se assim um dos objectivos do projecto: a qualificação dos profissionais e, consequentemente, das respectivas organizações, um dos alicerces da qualidade dos serviços prestados.
8º Passo: Definição da Missão/Visão/Estratégia e Política da Qualidade
A definição da Missão/Visão/Estratégia (MVE) é da responsabilidade da gestão de topo, são eles que enquadram, em última instância, a identidade organizacional. No entanto, a definição da Missão pode ser antecedida de uma auscultação aos profissionais das organizações, contribuindo, desta forma, para a construção ou reforço da identidade organizacional. Para fazer essa auscultação, houveram diferentes opções metodológicas adoptadas pelas organizações (grupo focalizado, reunião colectiva, fórum).
Para a definição da Missão, e numa lógica de envolvimento e garantia de igualdade de oportunidades, pode-se avançar para essa definição com recurso a grupos focalizados, utilizando técnicas de facilitação e visualização de resultados.
No fundo, não é mais do que fazer pequenos grupos com profissionais afectos a uma mesma valência, ainda que com diferentes funções. Pedir ao grupo que escreva num papel e numa só frase o que é, para ele, a Missão da organização da qual faz parte: distribuir três papéis tamanho A5 por pessoa, sendo que devem escrever pelo menos uma, depois dar cinco autocolantes a cada um e pedir-lhes que classifiquem, de todas as definições escritas e entretanto afixadas na parede, aquelas que realmente consideram ser a missão da organização. As três mais pontuadas devem ser passadas para uma folha A4, datada e assinada por todos os participantes. E é esse documento que deve chegar às mãos da direcção. A definição da MVE que é da responsabilidade da direcção espelha, ainda que não de uma forma explicita, os contributos dos profissionais auscultados.
A construção do Manual da Qualidade e do Manual de Funções, também da responsabilidade da direcção, é uma etapa sequencial à definição do MVE, da definição da Política da Qualidade e da consolidação dos processos na organização. É importante referir que a MVE e a Política de Qualidade devem estar alinhadas, na exacta medida em que se afiguram como a moldura organizacional na elaboração do Manual da Qualidade.
O Manual de Funções, por seu turno, é um documento estratégico no SGQ na medida em que define precisamente as funções, responsabilidades e as regras de substituição. É fulcral para a definição dos procedimentos, porque estes exigem a identificação do dono do processo, o responsável pelo mesmo. É orientador em termos globais porque posiciona os profissionais no sistema, na organização.
9º Passo: Implementação do Sistema de Gestão da Qualidade
A implementação do SGQ iniciou após a construção de todos os processos de realização e de suporte. A implementação do SGQ, nas várias organizações, teve um ritmo diferenciado, devido designadamente ao âmbito do mesmo, ou seja, implementar um sistema numa organização mais complexa em termos de disponibilização de serviços/valências, implica, não só, um maior dispêndio de tempo e de recursos, mas também uma maior capacidade de reorganização dos próprios serviços de modo a não prejudicar o normal funcionamento dos mesmos.
A fase de implementação do SGQ foi também ela, à semelhança da fase da construção, uma fase de incorporação de sugestões de melhoria. Ou seja, à medida que se iam implementando os processos, iam surgindo situações práticas de organização e funcionamento dos serviços/valências que implicaram alterações nos procedimentos.
Ao contrário das anteriores fases, registou-se aqui um acompanhamento mais individualizado por parte da Bússola a cada uma das entidades.
Acompanhamento esse crucial, na medida em que orientavam os trabalhos com o objectivo de salvaguardar sempre o cumprimento dos requisitos da norma (monitorização e avaliação regular por parte da Bússola junto da cada uma as organizações).
Numa fase já avançada da implementação do SGQ, realizaram-se auditorias internas, para aferir o cumprimento dos requisitos da norma. Nesta fase, os processos de gestão e dos processos de medição foram uma entrada para a realização da mesma. A maioria das equipas auditoras era constituída pelos técnicos da organizações, mas como estes não podem auditar os processos dos quais são responsáveis, a equipa auditora era também constituída por elementos da entidade consultora e, por vezes, por técnicos de outras instituições parceiras.
As auditorias internas permitiram, uma vez mais, a melhoria do SGQ e uma melhor percepção deste, no seu global.
Após as auditorias internas, as organizações tiveram a visita prévia da entidade certificadora, que consistiu essencialmente na verificação do SGQ e cumprimento dos requisitos legais, por amostragem.
O seguimento da visita prévia consistiu em particular na implementação das oportunidades de melhoria levantadas e na preparação para a auditoria de concessão (certificação).
Pontos Fortes
Após a construção dos processos e a fase de formação dos profissionais, houve uma espécie de movimento para dentro, em que cada instituição se concentrou na implementação do SGQ na sua própria casa, onde se verificou o empenho de todos os profissionais da valência/serviço objecto de implementação. Por outro lado, é importante ressalvar que os diferentes ritmos de implementação proporcionaram uma troca de boas práticas entre as organizações à medida que iam implementando e testando cada um dos processos. Esta partilha foi um factor facilitador da implementação, na medida em que os que implementavam à posteriori já não tiveram que passar pelas mesmas dificuldades (aprendizagem).
Na realização de auditoria internas, um dos processos de medição, as organizações permitiram o intercâmbio de técnicos entre elas.
A visita prévia por parte da entidade certificadora proporcionou às organizações ter uma perspectiva externa, uma outra visão sobre a organização e gestão do SGQ. As oportunidades de melhoria levantadas pelos auditores externos foram decisivas para a preparação adequada da Auditoria de Concessão.
Por outro lado, o facto de as visitas prévias terem ocorrido em tempos diferentes, permitiu uma vez mais às organizações fazer
benchmarking.
Pontos Fracos
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Solução implementada
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Os baixos níveis de escolaridade tendem a criar dificuldades acrescidas na adopção de determinadas práticas, em particular, no registo das actividades.
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A simplificação de alguns documentos de registo.
A elevação dos níveis escolaridade dos profissionais.
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A implementação tardia dos processos de gestão e dos processos de medição criou algumas dificuldades em termos de gestão do próprio sistema. |
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Anexos
Resultados
Durante a Acção 2 do Equalidade foram concebidos e implementados nas instituições parceiras o “Guia para aplicação da norma ISO 9001:2000 ao sector social” e o “Manual de Procedimentos da Qualidade”, tendo esta Acção culminado com a certificação dos Sistemas de Gestão da Qualidade, segundo a NP EN ISO 9001:200, das respostas sociais creche, pré-escolar, CATL, Centro de Dia, Serviço de Apoio Domiciliário e Lar de Idosos.
A Acção 3 do Projecto, que iniciou em 2008 e terminou no dia 30 de Junho 2009, teve como objectivo principal divulgar e disseminar junto de outras organizações da economia social os dois produtos elaborados na Acção 2, bem como desenvolver acções de formação,
workshops e prestar apoio técnico na área da qualidade junto de organizações da economia social, permitindo-lhes adquirir/reforçar competências necessárias à implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade, tendo como suporte os produtos acima enunciados.
Ora, sendo certo que o “Guia para aplicação da norma ISO 9001:2000 ao sector social” e o “Manual de Procedimentos da Qualidade” produzidos contêm o conhecimento e a experiência adquiridos e consolidados pelas cinco instituições acima identificadas na implementação de Sistemas de Gestão da Qualidade e uma vez que a qualidade das respostas sociais é compromisso de todos, e em particular do Instituto da Segurança Social, I. P., este projecto contou também com a colaboração do Centro Distrital de Segurança Social (CDSS) de Braga e com as Redes Sociais concelhias do distrito de Braga.
Durante a Acção 3, o projecto acompanhou 18 organizações incorporadoras dos produtos.
A selecção destas organizações foi feita entre a entidade interlocutora e o CDSS de Braga, tendo como preocupação de abranger todos os concelhos do distrito de Braga, visando a ampliação da disseminação da entidade para o concelho. Estas organizações foram incorporando os produtos com apoio em termos de consultoria e formação específica, no passo-a-passo para a implementação do Sistema de Gestão da Qualidade. Actualmente, a maioria dessas organizações já têm o Sistema de Gestão da Qualidade implementado.
Ainda na Acção 3 o Equalidade promoveu, em colaboração com o CEQUAL, o curso “Gestão da Qualidade na Economia Social”, com a duração de 138 horas, direccionado para directores/coordenadores de serviço de outras 18 organizações da economia social do distrito de Braga. Este curso teve como objectivo dar competências para implementar e gerir Sistemas de Gestão da Qualidade.
Este projecto, durante a Acção 3, levou conhecimentos e competências sobre qualidade a mais de 150 IPSS’s do distrito de Braga, através da realização de 200 acções de formação, asseguradas por 15 formadores profissionais das organizações parceiras do projecto e formou de cerca de 3.000 formandos – dirigentes, técnicos e outros profissionais.
Para além das acções de sensibilização “Formação para a qualidade”, procurou-se responder às necessidades das organizações em termos de formação específica, para ultrapassar os obstáculos que foram sentindo aquando da implementação do Sistema de Gestão da Qualidade – “Missão, Visão, Estratégia e Política da Qualidade”, “Processo Plano de Desenvolvimento Individual (idosos e infância)”, “Processos de Gestão e Processos de Medição”, “ Higiene e Segurança na área alimentar – HACCP”, “Auditorias Internas”, “Comunicação Organizacional”.
O trabalho em parceria e a cooperação inter-institucional foram a trave-mestra do projecto Equalidade. Podemos afirmar que hoje existe uma preocupação pela qualidade dos serviços prestados nas organizações sociais despoletada pelo projecto Equalidade, que contou com precioso apoio e colaboração das próprias organizações beneficiárias e as Redes Sociais do concelho, designadamente na questão logística da formação.
O projecto ficou em 11.º lugar, entre 31 entidades validadas, no
ranking do Prémio Projectar Um Novo Futuro, atribuído pela EQUAL no Encontro Nacional e Internacional de Inovação Social, que decorreu entre os dias 10 e 12 de Dezembro 2008, na FIL, em Lisboa.
Ponto de Contacto
José Carlos Fonseca Veloso
Presidente da Direcção
ENGENHO - Associação de Desenvolvimento Local do Vale do Este
Tel.: (+351) 252 916 040
geral@engenho.com.pt
Última Actualização: sexta-feira, 7 de Maio de 2010