Recolha Lateral de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) - Sintra
Graças à experiência adquirida pela CMS e HPEM – Higiene Pública, EM, na utilização dos sistemas tradicionais de recolha de resíduos sólidos urbanos (RSU), largamente implementados a nível nacional, foi possível avançar de forma pioneira para um projecto piloto de implementação de um sistema de recolha inovador no país - o sistema de recolha lateral robotizada.
Iniciativa: Recolha Lateral de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) - Sintra
Entidade: HPEM – Higiene Pública, EM
Destinatários/Beneficiários potenciais*
Categoria: Modernização Administrativa
Ponto de Situação: O projecto desenvolvido na zona piloto está concluído, no entanto, considerando os resultados positivos obtidos, é intenção da HPEM alargar a aplicação do sistema a outras zonas do concelho.
Custos envolvidos*
Site: www.hpem.pt
São diversos os factores que incentivam os municípios a investir na implementação de projectos inovadores na área de gestão de resíduos urbanos. A taxa crescente de produção de resíduos per capita, os recentes avanços tecnológicos no acondicionamento de produtos, a necessidade de assegurar o cumprimento dos objectivos de reciclagem da União Europeia (UE) e o peso que a operação de recolha assume nos custos totais de gestão, introduz uma grande pressão nos municípios, obrigando-os a alterar ou optimizar as soluções técnicas existentes.
Este projecto, implementado numa área anteriormente servida pelo sistema tradicional, teve como objectivo não só aumentar a eficácia produtiva através da diminuição de custos operacionais, mas também contribuir para o aumento dos quantitativos recolhidos selectivamente, dando uma resposta efectiva à crescente adesão dos munícipes de Sintra à deposição selectiva de resíduos potenciando as condições para o cumprimento das metas de recolha selectiva.
O projecto iniciou-se com o estudo das principais lacunas do sistema de recolha existente e escolha de uma zona piloto de características urbanas onde as mesmas fossem visíveis. Seguiu-se um estudo aprofundado da zona, onde foi feito um levantamento do número de fogos a servir, o planeamento das acções a desenvolver e dos meios necessários (recursos humanos e equipamentos) para a sua implementação. Este estudo permitiu constatar que os objectivos propostos poderiam ser atingidos se fosse adoptada uma solução de recolha utilizando conjuntos de quatro contentores de grande capacidade com as quatro valências de recolha no mesmo local (recolha indiferenciada e recolha selectiva – vidro, papel/cartão e plástico/metal), permitindo ao munícipe uma única deslocação para efectuar a deposição selectiva de todos os seus resíduos.
A implementação do projecto no terreno foi faseada, o que permitiu um acerto progressivo nos critérios de instalação. Em cada fase foi desenvolvida uma campanha de sensibilização sobre o funcionamento e normas de utilização do novo tipo de contentorização.
Depois da instalação no terreno e com o sistema em pleno funcionamento, seguiu-se uma fase de monitorização e avaliação de resultados. Esta avaliação permitiu não só confirmar as vantagens para os munícipes do novo sistema, pelo aumento da adesão à deposição selectiva, mas também as vantagens em termos operacionais e financeiros - por ser um sistema de recolha robotizado, permitiu aumentar a eficácia do serviço de recolha, ao diminuir tempos de recolha, custos de mão-de-obra e riscos de trabalho.

O sistema permitiu assim a substituição do equipamento existente por um equipamento de fácil utilização para o munícipe e de grande versatilidade em termos operacionais.
Ao fim de um ano de operação os objectivos inicialmente propostos foram cumpridos e largamente ultrapassados, uma vez que os quantitativos de recolha selectiva sofreram aumentos para valores nunca antes registados com qualquer outra solução de recolha.
A principal motivação para a implementação deste projecto foi a necessidade de colmatar as lacunas identificadas no sistema tradicional de recolha de resíduos, que se podem concretizar nos quatro factores principais que precipitaram o estudo de uma nova solução de recolha, nomeadamente:
- Existência de muitos locais de deposição, na sua maioria não dotados de ecoponto, pelo que o munícipe tinha que se deslocar a dois locais para a deposição de resíduos (regra geral o ecoponto é aquele que se encontra mais afastado);
- Muitos contentores de pequena capacidade na via publica, desqualificando o espaço publico;
- Ecopontos com aberturas de deposição pouco adequadas ao tipo de resíduo a receber;
- Elevados riscos do trabalho de recolha.
Para resolver estes problemas, a HPEM criou o projecto “Recolha Lateral de RSU - Sintra” com o objectivo principal de melhorar de forma continuada o serviço prestado ao munícipe, apostando sempre em inovação e aumento de eficácia ao nível operacional. Para tal foram traçados os seguintes objectivos:
- Ultrapassar os problemas identificados no sistema de recolha tradicional;
- Aumentar a eficácia dos serviços existentes actualmente;
- Contribuir para o aumento dos quantitativos de resíduos recicláveis recolhidos, de forma a cumprir com as metas nacionais estabelecidas pela União Europeia.
O sistema foi implementado numa zona piloto, tendo apresentado resultados bastantes positivos, quer no que refere aos quantitativos de recolha de resíduos recicláveis, como o vidro, papel e embalagens, com aumentos de cerca de 250% em cada valência, quer em termos económicos.
A metodologia adoptada no âmbito deste projecto foi a seguinte:
- Definição da zona piloto com base no conhecimento da qualidade do serviço e doas problemas inerentes a determinadas zonas do concelho, foi delimitada uma zona com características urbanas, de grande densidade populacional, onde eram visíveis as limitações do sistema anterior e urgente a alteração dos sistema de contentorização e recolha. A zona piloto do projecto abrangeu as localidades de Serra das Minas, Rio de Mouro, Rinchoa, de Mem Martins e Ouressa, das freguesias de Rio de Mouro e Algueirão-Mem Martins;
- Caracterização da zona piloto através do estudo aprofundado das necessidades reais da área de instalação do novo sistema, de forma a adaptar a contentorização às exigências da mesma (densidade populacional, número de fogos, numero e tipo de estabelecimentos comerciais, etc.);
- Projecto de instalação de novos contentores - retirar a contentorização existente e relocalizar os novos contentores de grande capacidade em zonas mais centrais e de acesso a um maior número de munícipes; eliminar os contentores isolados e instalar conjunto de quatro a cinco contentores com as quatro valências, nomeadamente um ou dois contentores para resíduos indiferenciados, um contentor para papel/cartão, um para plástico/metal e outro para vidro;
- Campanha de sensibilização – por meio de folhetos distribuídos na zona piloto, informando acerca das vantagens do sistema e regras de utilização, indicando o n.º verde da HPEM para esclarecimento de eventuais dúvidas e apresentação de sugestões;
- Instalação da nova contentorização e definição de circuitos – acompanhada da monitorização das taxas de enchimento e afinação da localização e capacidade dos mesmos;
- Substituição dos veículos de recolha (veiculo de caixa aberta com grua para selectivas e veiculo compactador para indiferenciados) por veículos de recolha lateral com compactador, que possibilitam a redução do número de circuitos e de funcionários afectos ao serviço, acompanhada pelo aumento da capacidade de recolha, visto que a compactação permite a recolha de uma maior quantidade de resíduos por circuito (de um a seis vezes mais, dependendo do peso especifico dos RSU).
Após a instalação do equipamento no terreno, surgiram algumas dificuldades, que foram sendo progressivamente resolvidas, nomeadamente a alteração dos locais de deposição – no início os munícipes continuavam a depositar os resíduos no local onde anteriormente estava instalado o contentor isolado (dado que houve algum desfasamento entre a instalação e a eliminação dos antigos cais) situação que foi ultrapassada com o fecho dos cais e com a progressiva compreensão das vantagens da utilização dos novos contentores; a colocação de resíduos volumosos encostados aos contentores (impossibilitando a recolha robotizada) ultrapassada pelo aumento da frequência de recolha de monstros e colaboração dos cantoneiros da limpeza urbana na zona piloto; a ocupação do espaço público pelos contentores (necessidade de ajustes resultantes da ocupação de lugares de estacionamento ou de falta de visibilidade em entroncamentos, entre outros) situação apenas possível dado a grande versatilidade na instalação deste tipo de contentores (por dispensar obra).
Todas estas situações foram resolvidas progressivamente, mantendo um bom relacionamento com os munícipes e conseguindo a sua colaboração no cumprimento das regras de deposição de resíduos.
Destinatários/Beneficiários potenciais*
O projecto tem como principal objectivo a melhoria do serviço prestado aos munícipes, permitindo simultaneamente o aumento dos quantitativos recolhidos selectivamente, contribuindo assim para o cumprimento das metas nacionais de recolha selectiva estabelecidas pela União Europeia.
À semelhança da HPEM, outras empresas municipais, inter-municipais, autarquias, ou mesmo empresas privadas que desenvolvam a sua actividade neste sector podem obter nos seus municípios (com as mesmas características), as vantagens obtidas na implementação deste projecto.
A nível interno, destacam-se benefícios como o aumento de eficiência e eficácia do serviço – diminuição dos custos de exploração e melhoria das condições de trabalho pela diminuição dos acidentes de trabalho.
Custos envolvidos*
Foi efectuado uma análise custo - benefício para verificar a viabilidade do projecto. O mesmo foi comparado com o sistema de recolha tradicional – recolha traseira. Os custos de aquisição foram calculados com base nos custos associados aos contentores e viaturas necessários para servir a zona piloto para os dois sistemas em análise.
CUSTO ANUAL S/ IVA - RECOLHA LATERAL
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INSTALAÇÃO |
Custo de aquisição de contentores |
388.800,00 € |
Custo de aquisição de viaturas |
380.000,00 € |
Custo Total s/ IVA |
768.800,00 € |
EXPLORAÇÃO |
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Custo com viaturas 1 |
46.554,42 € |
Custo com pessoal 2 |
33.279,22 € |
Custo Total s/ IVA |
79.833,64 € |
Custo Anual Global (s/ IVA) |
848.633,64 € |
Tabela 1 - Custos de instalação, exploração e custo anual global – Recolha Tradicional vs Recolha Lateral
1. calculados com base nos seus custos anuais de exploração (incluindo o consumo de gasóleo, de pneus e seguros) com utilização num período de trabalho diário de 7 horas (1 turno). Não se consideraram os custos de manutenção de contentores.
2. factor de grande peso (o sistema implica apenas o serviço de um motorista/viatura)
Recomendações
O sistema de recolha lateral instalado, conduziu a uma série de benefícios de eficiência, eficácia e vantagens competitivas, sendo um sistema de relativa facilidade de implementação e manutenção.
A HPEM recomenda a substituição do sistema de carga traseira por este tipo de sistema em zonas com as características descritas da área piloto, sendo que os resultados estão neste momento consolidados e com saldo bastante positivo, traduzindo-se em:
- Vantagens para os utilizadores (clientes/munícipes);
- Vantagens para a empresa (menos custos operacionais e maior qualidade no serviço prestado);
- Vantagens a nível global (pelo aumento de quantitativos de recolha selectiva recolhidos).
Devem ser contornadas todas as dificuldades verificadas após implementação no terreno - resultantes da falta de experiência com este tipo de sistema, pioneiro em Portugal.
Próximas Acções
Dado o enorme sucesso na implementação do projecto de recolha lateral na zona piloto , a HPEM encontra-se neste momento a preparar um estudo de viabilidade para alargamento do projecto à recolha selectiva na zona rural do concelho de Sintra.
Anexos
Recolha lateral no Concelho de Sintra - Susana Rodrigues, HPEM, 25 de Maio de 2006 (pdf, 1,01 MB)
Resultados
- Redução significativa dos riscos de segurança associados, uma vez que este sistema necessita apensa de um funcionário por circuito (todo o serviço é realizado pelo motorista a partir da cabina do veiculo);
- Versatilidade na localização e instalação de contetorização na via pública, sem necessidade de construção de cais e relocalização rápida dos mesmos, sem atravancamento da via pública, graças aos novos modelos de contetorização utilizados;
- Aumento da capacidade instalada em cada local de deposição e consequente diminuição do número de contentores na via pública;
- Melhoria das bocas de abertura de deposição, permitindo uma deposição muito mais fácil por parte dos munícipes;
- Aumento da adesão dos munícipes à separação e deposição selectiva dos RSU, visto que, com a instalação de conjuntos de contentores, só tem que se deslocar a uma local para depositar selectivamente os resíduos;
- Aumento dos quantitativos de recolha selectiva de resíduos – na ordem dos 253% para papel/cartão, 242% para o plástico/metal e 23% para o vidro (primeira valência a ser separada a nível nacional;
- A nova viatura de recolha lateral permite:
- Maior compactação dos resíduos;
- Maior quantidade de resíduos recolhidos por circuito;
- Menor número de deslocações à central para efectuar descargas;
- Maior precisão na recolha dos contentores, reduzindo a danificação dos mesmos;
- Menor ruído na operação de recolha, já que o elevador do novo veículo é mais silencioso;
- Dispensa de dois cantoneiros;
- Tempo da operação de recolha selectiva de contentores passou de 4 minutos para cerca de 50 segundos.
- Melhoria da eficácia do serviço de recolha, uma vez que se consegue um aumento considerável nas quantidades recolhidas com um menor investimento dos serviços de recolha.
Ponto de Contacto
Susana Rodrigues
Engenheira na HPEM
Tel.: (+351) 219 609 600
susana.rodrigues@hpem.pt
Última Actualização: quarta-feira, 29 de Abril de 2009