A criança com doença de Legg-Calvé-Perthes … cuidar no hospital ou no domicílio. Qualidade, Custos
O projecto “A Criança com Doença de Legg-Calvé-Perthes … Cuidar no Hospital ou no Domicílio? Qualidade/ Custos”, da responsabilidade do Serviço de Ortopedia do Hospital de Dona Estefânia, defende que o hospital pediátrico do futuro deve apostar no tratamento das crianças no domicílio. Ou seja, o internamento num hospital deve durar o menos tempo possível, aumentando a qualidade de vida da criança, diminuindo os custos emocionais, sociais e económicos para ela e para toda a família.

Iniciativa: A criança com doença de Legg-Calvé-Perthes … cuidar no hospital ou no domicílio?
Entidade: Serviço de Ortopedia do Hospital de Dona Estefânia (HDE), Lisboa
Entidades parceiras: Crianças e Pais, ou substitutos destes, que sejam utentes da consulta e serviço de internamento de ortopedia do Hospital de Dona Estefânia
Destinatários/Beneficiários potenciais: Crianças com Doença de Legg-Calvé –Perthes que residam no Conselho de Lisboa
Categoria: Inovação na Gestão
Ponto de Situação: O projecto está concluído e é aplicado sempre que uma criança com Doença de Legg- Calvé –Perthes é referenciada pelos médicos da consulta de ortopedia
Custos envolvidos: Os custos envolvidos são os referentes aos de uma visita domiciliária. Uma visita domiciliária tem o custo de 59,90 Euros.
Site: O projecto irá ser inserido no Site do HDE (www.hdestefania.min-saude.pt), que ficará activo brevemente.


Este projecto tem como objectivo primordial dar realce à melhoria da qualidade de vida da criança/família, com Doença de Legg-Calvé-Perthes, em tracção cutânea no domicílio, integrando a família como parceiros no cuidar.

O tratamento de eleição da doença de Legg-Calvé-Perthes, preconizado pela equipa médica de Ortopedia no Hospital Dona Estefânia, é a tracção cutânea no plano do leito.

Contámos com a parceria da equipa médica, ao constatarmos que as alterações sofridas na dinâmica familiar durante o internamento seriam suavizadas se o tratamento fosse realizado no domicílio, com consentimento da equipa de saúde e da própria família, diminuindo o trauma a nível psíquico e emocional que pode ocorrer devido a uma hospitalização. Por outro lado, tentávamos também, diminuir ou evitar o internamento hospitalar, o que implicaria uma redução dos custos, aspecto que, cada vez mais, ganha uma maior dimensão no contexto da saúde.

De acordo com estes princípios, e constituindo também um desafio para a equipa de enfermagem, decidimos elaborar um projecto no serviço intitulado “Cuidados no Domicílio à criança/família com a Doença de Legg-Calvé-Perthes”.

Em 2005, iniciámos a realização das primeiras visitas domiciliárias durante as quais, para além de tomarmos conhecimento com o meio em que a criança se encontra inserida, desenvolvemos as mais diversas vertentes do cuidar, nomeadamente: observação directa da criança em contexto familiar, avaliação das actividades de vida , mudança dos kits de tracção cutânea dos membros inferiores, observação das características da pele e de sinais de compromisso neurocirculatório das extremidades, realização de pensos, educação para a saúde nas mais diversas áreas e ainda encaminhamento para especialidades, de acordo com as necessidades detectadas/manifestadas pela criança/família.

Este projecto nasceu, tendo como objectivo, não só, proporcionar à criança e família uma menor alteração da sua dinâmica familiar, mas também, ajudar a melhorar a gestão dos recursos hospitalares.

O estudo prospectivo foi realizado entre 2005 e 2007, do qual fizeram parte 11 crianças/famílias com Doença de Legg-Calvé-Perthes, sendo nove do género masculino e duas do género feminino. A média de idades das crianças era de seis anos.

Durante este período, realizamos 17 visitas domiciliárias, na área de Lisboa.

A criança permaneceu em média, em tracção no domicilio 15 dias e foram estabelecidos em média dois contactos telefónicos com cada uma.

Em Abril de 2008, avaliámos o projecto através da avaliação da satisfação da criança/família por meio de entrevistas telefónicas àquelas.

Apesar da qualidade dos cuidados ser a nossa vertente primordial, não podemos descurar os custos.

No caso de uma criança com Doença de Legg-Calvé-Perthes, o custo de diária hospitalar é de 264,98 euros, pelo que um internamento com demora média de 15 dias, custará 3 974,70 euros. O custo médio de uma visita domiciliária, é de 59,90 euros.

Na avaliação dos custos das visitas domiciliárias tivemos em conta:
  • Local onde se realiza (quilometragem);
  • Custo das viaturas;
  • Tempo dispendido;
  • Categoria do enfermeiro que a realizou;
  • Número de telefonemas realizados;
  • Procedimentos efectuados;
  • Material utilizado;
  • Tempo de tratamento no domicílio.
Avaliação do Grau de Satisfação das Famílias

Em Abril de 2008, avaliámos o grau de satisfação das famílias sobre os cuidados de enfermagem no domicílio, através da realização de 11 entrevistas telefónicas com as seguintes questões:

“Os contactos telefónicos efectuados foram importantes para ajudar no tratamento do seu filho, no domicílio?”  Houve esclarecimento de dúvidas e continuidade de cuidados.
 Os contactos telefónicos efectuados foram importantes para ajudar no tratamento do seu filho, no domicílio?

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“O número de visitas efectuado foi o mais adequado?” As visitas foram de encontro às necessidades manifestadas.
 O número de visitas efectuado foi o mais adequado?

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“As informações dadas pelos enfermeiros fizeram-no sentir mais autónomo no tratamento ao seu filho?” Foram esclarecidas duvidas que permitiram a continuidade dos cuidados.
 As informações dadas pelos enfermeiros fizeram-no sentir mais autónomo no tratamento ao seu filho?

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“Teve dificuldades na realização do tratamento no domicílio?”  Preferem realizar o tratamento no domicílio em prol do tratamento no hospital.
  Se lhe fosse permitido escolher, onde preferia realizar o tratamento?

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O que se espera

Acreditamos que, quando a família reúne as competências necessárias, como a autonomia e a participação activa, para uma parceria no cuidar, o meio familiar, com o apoio dos profissionais de saúde, é sem dúvida, o local ideal e facilitador do desenvolvimento de comportamentos de saúde positivos para a criança com doença aguda ou crónica.

O que tentamos demonstrar com a apresentação do nosso projecto, é que é possível cuidar no domicílio, com qualidade e a baixo custo, tendo como meta: a excelência no cuidar.

Esperamos que este projecto inovador constitua um instrumento de gestão e como afirma Peter Drucker (2005): “A gestão está a tornar-se, cada vez mais, o agente da inovação social”, e que também contribua para a execução da missão social do Hospital Dona Estefânia, na dimensão “Prestar cuidados de saúde diferenciados e de elevada qualidade à Criança (…).

Recomendações

Devem ser tidos em conta as competências adquiridas pelos pais ou substitutos para que possam dar continuidade aos cuidados.

Possibilidade de adaptação da cama aos sistemas de tracção ou capacidade de improviso por parte dos pais, mantendo os princípios de uma tracção cutânea no leito.

A distância do hospital à residência da criança deve ser tal, que permita a deslocação dos elementos da equipa em tempo útil.

Próximas Acções

Apresentação do projecto e da avaliação do mesmo no Hospital de Dona Estefânia e também em congressos ou outraseventos considerados pertinentes.

Resultados

O projecto ficou em terceiro lugar no Prémio Hospital do Futuro 2008/2009, na categoria Gestão & Economia da Saúde.

O projecto ficou em primeiro lugar na apresentação de Comunicações Livres no Congresso organizado pela Revista Nursing, Lisboa, 2008.

Ponto de Contacto

Manuel Cassiano Neves
Director do Serviço de Ortopedia
Hospital D. Estefânia

Rosário Louzada
Enfermeira Chefe do Serviço de Ortopedia
Hospital D. Estefânia
Tel.: (+351) 213 126 600
rlouzada@hdestefania.min-saude.pt 

 Última Actualização: segunda-feira, 16 de Novembro de 2009